E QUANTO AO PERDÃO?
- Alan Donizete
- 3 de abr. de 2016
- 2 min de leitura

Queria poder te sentir mais uma vez. Chamar por você esperando que me respondesse com um simples olhar. Àquele que costumava dizer tudo. Fechar os olhos e tocar seus lábios, no anseio por um daqueles beijos que só nós dois podíamos sentir. Com puro e sincero amor. Fazer de conta que nada disso acabou. Sussurrar em seu ouvido que as promessas de para sempre serão todas mantidas. Manter-te em meus braços, te aquecendo e te fazendo sentir que este é o lugar mais seguro que você poderia estar. Ouvir teu suspiro extasiado.
Como eu queria que tudo tivesse sido diferente. Mas, você vê? Terminamos assim, com todos os cacos das promessas quebradas a serem recolhidos do mesmo chão onde um dia sentamos e fizemos tantas promessas. Por que ainda não podemos conversar sem nos ferirmos tanto com esses pedaços que ainda nos cortam? Será que nem todo passado pode ser simplesmente esquecido? Sabe, deveria mesmo ter sido diferente.
Onde vamos chegar com toda essa bagagem de decepção e mágoa? Onde vamos parar? Eu gostaria de poder parar no afeto do seu perdão. Mas também gostaria de perder toda a bagagem e carregar só o necessário pra esquecer tudo o que aconteceu e poder também te perdoar. Perdoarmo-nos, mutuamente, de coração e alma.
Às vezes eu fico imaginando como tudo seria, hoje, se nada do que aconteceu tivesse mesmo acontecido. Fico tão atordoado com esses pensamentos. Em pensar em tudo que poderia estar acontecendo com a gente. Então acabo culpando sempre a mim mesmo por não estar acontecendo nada. Nada mais. Há não serem os pensamentos que não me deixam esquecer e seguir em frente por completo. Cansei. Pois sei que a culpa não foi só minha. Mas culpo-me um pouco mais e logo surge a dúvida: e você, será que já seguiu?
Sabe de uma coisa? Eu espero mesmo que você tenha seguido em frente. Eu gostaria disso. Pois sei que nós dois jamais seremos novamente um só. Eu tenho consciência de que se hoje tomamos rumos diferentes e não nos falamos mais, é pelo que foi nosso passado, por isso nos custa tanto ceder. O perdão é sempre difícil de ser cedido com sinceridade. E isso dói enquanto a gente aprende: a perdoar ou a esquecer.
Gostaria de te fazer um último pedido, se é que eu ainda tenho a chance. Queria pedir para nos libertarmos sempre a sinceridade de um perdão. Sei que isso nos fará bem e nos manterá livres de qualquer passado que possa nos trazer mágoa e todas àquelas coisas ruins. Como trouxe o nosso... Até aqui, pra mim, pois acabo de me perder de todas as minhas bagagens. Te perdoei. Mas e quanto às suas? Só me resta saber, por quanto tempo as levará?
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