AMIZADE DESFEITA
- Alan Donizete
- 17 de jul. de 2016
- 3 min de leitura

16 do 07: 1514 amigos no facebook. 17 do 07: 1513. Você se depara com isso e pensa: espera aí, alguém me excluiu! Imediatamente surge a dúvida: quem será? E a dúvida não te deixa em paz enquanto você não descobre. Por que é que a gente tem a necessidade em saber quem é o número a menos em nossa lista de contatos? Será coisa do ego não querer aceitar que alguém nos excluiu ou simplesmente porque talvez nos importemos muito com a rejeição?
Pode até ser um ato insignificante para quem clicou em desfazer amizade, mas para quem teve a amizade desfeita é sempre uma dúvida cruel: por que é que me excluíram? O que eu fiz? O que será que houve? Você pode até não admitir, mas você se importa com cada número que diminui em sua lista. Pode não ser tanto assim. Algo como: nossa, vou ficar sem dormir por isso. Mas você se importa. Naquele primeiro momento é desconfortante saber que alguém desfez a amizade com você. Não é?
Mas você tenta deixar isso pra lá, afinal, o que se pode fazer? O que foi feito já está feito. É só um número a menos mesmo. Mas lá no fundo a dúvida permanece ali: quem será esse número a menos? Um amigo a quem eu devo ter feito algo de errado ou simplesmente alguém que me adicionou, ou que eu adicionei e nem nunca trocamos uma sequer palavra e por isso resolveu me excluir? Se a segunda alternativa for a resposta, tudo bem, nem todo mundo que está entre nossa lista de contatos é nosso amigo. É só um contato que por alguma razão está ali.
Mas, e se for a primeira alternativa? Será que só eu tenho esse medo de ter feito algo a alguém e não saber o que? Principalmente se for em relação a alguém que eu gosto muito. Eu odeio a ideia de me afastar – ou ser afastado – por pessoas que eu gosto. Mas ai que está: nem todo mundo que gostamos irá gostar da gente da mesma maneira. Eis o que preciso aprender mais.
Depois de algumas vasculhadas para cessar a dúvida cruel você acaba descobrindo que a pessoa que te excluiu é simplesmente a pessoa que você considerava como amigo. Com quem você conversava praticamente todos os dias e desabafava sempre que precisava. A pessoa que mesmo só conhecendo pela internet você depositava confiança e se sentia a vontade para ser você mesmo toda vez que se falavam. E então você acaba percebendo que a pior dúvida não era saber quem te excluiu, mas o porquê você foi excluído – ainda mais por quem significava tanto.
Sabe o que acontece? Nem sempre você significará pra alguém o mesmo que esse alguém significará pra você. E não há nada que a gente possa fazer. Se não podemos escolher de quem iremos gostar, quem dirá escolher gostar de quem também goste da gente: assim como nós somos.
Não sabemos o que se passa na cabeça e no coração de uma pessoa para sabermos se ela é uma das pessoas certas para fazer parte da nossa vida. Mas podemos deixar que as atitudes dela nos mostrem quem ela realmente é e assim nos guiem à melhor decisão que tiver que ser tomada: manter uma relação ou deixar que ela se vá?
Toda relação que tivermos necessitará de uma coisa para que dure: a maneira como realmente somos. A forma como pensamos e agimos. O que falamos e o quão verdadeiro somos com as palavras. Isso é o que tornará duradoura toda uma relação verdadeira. Mas se a outra pessoa não puder lidar com isso e ser tão verdadeira quanto se espera, então esta pessoa não merece estar entre os que realmente conhecem e merecem o nosso verdadeiro eu dentro da relação. É aí que ela acaba.
Quando uma pessoa se afasta – ou quando a afastamos – por mais significativa que ela seja, é porque ela não te conhecia o suficiente para perceber a pessoa que realmente estava ao lado dela. E o melhor que podemos fazer é aceitar o que aconteceu. Aceitar o afastamento. Porque quando aceitamos, entendemos que tudo o que acontece é o que tinha que ter acontecido. Pra cada acontecimento há uma razão. E a razão não nos deixa a dúvida. Apenas a certeza de que é a razão certa para que as coisas aconteçam da maneira como devem acontecer.
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